É, esta bagaça está às moscas, como sempre acontece com todos os meus blogs. Pelo menos este tem um bom motivo: a falta de tempo e até mesmo prática. Escrita é prática, e a minha prática tem se limitado àquele tipo de escrita que obedece às normas da ABNT. E, acreditem, essa não tem poesia nenhuma e bem pouco humor.
Mas de vez em quando eu consigo dar uma fugida pra reclamar de algo, ou me deparo com algum texto que mexe fundo comigo e venho postar aqui, pra deixar registrado, pra eu lembrar depois. Tenho (sempre tive) a sensação de que há mundos paralelos, onde pessoas que nunca vi na vida escrevem exatamente aquilo que aconteceu na minha vida, ou que estou sentido. Deve ter algo a ver com o Inconsciente Coletivo de Jung. Ou não. Tô tentando procurar menos explicações pras coisas. Tentando tentar entender menos (e isso é muito difícil pra mim).
Então, pra encerrar 2011 (e não o blog - ainda não), um texto da Milena, do Samba de Gringo. Mais um. Mas esse realmente...
Dei uma editada no texto - ele é escrito com um eu lírico masculino (desculpa, moça!). O original você encontra no link acima.
Eu resolvi te deixar ir. A mágoa já passou, as feridas estão cicatrizando levemente de fora pra dentro, porque dentro ainda me doem. Não posso colocar toda a culpa de um amor impossível em você. Não posso esperar que seja tão emoção quanto eu, que tenha menos razão nesse jogo sem fim onde a razão é a única coisa que faz sentido. Você nunca quis me machucar e eu sei disso. E sei também do tanto que me amou, não precisa dizer com os lábios o que teus olhos me disseram um dia. Hoje eu consigo olhar para trás e ver o quanto você procurou o meu bem, e se um dia me fez algum mal, foi apenas por ter se envolvido mais do que podia.
Não dava mais para insistir, eu sei. Por maior que seja o amor, nem sempre é possível tocá-lo. Por isso estou aqui hoje, na beira norte do rio, curvando meu corpo sobre a ilhazinha onde a gente se escondeu por tantos dias. Revivendo de novo os cheiros e sons que me lembram o gosto da tua pele, o calor do teu beijo em mim. Me perguntando se um dia a vida cruzará nossos caminhos mais uma vez.
Fiz um barquinho de papel pra você. Ele é você. E quando eu te soltar por esse rio, quero que navegue tranquilo. Embrulhei nele todo o amor que senti por você um dia – e ainda sinto - pra que de algum jeito, quando sentir que a vida te machuca um pouco, possa lembrar-te do quanto alguém te amou um dia. Não guardo mágoa nenhuma, menino. Só te quero bem e feliz. E também quero ficar bem e feliz. Você disse que tudo isso era melhor pra todo mundo e hoje eu entendo o quanto isso foi importante para mim. Cara, como eu te amei. Como eu pensei em você por cada dia desses três anos e meio, mesmo quando nos separamos daquela outra vez.
Eu sinto tanta falta tua. Sinto falta desse monte de coisa bonita que vinha com esse “nós” improvável. Do nosso amor, da nossa história, de você me dizendo que não queria parar. E hoje, olha pra gente. Você me pedindo para desistir e eu desistindo. Você me pedindo para esquecer tudo e eu esquecendo.
Vai barquinho. Leva contigo todo esse amor absurdo e impossível que tenho por ti. Segue teu rumo, encontra o que procura. Seja feliz, muito feliz, ainda que não seja eu o motivo da tua felicidade. Tente lembrar-se de mim de vez em quando e de todas as horas lindas que dividimos. Tenta me esquecer devagar. E aprenda a seguir teu coração nesse meio tempo de vida em que estivermos separados.
Se nos veremos novamente? Não sei. Não sei ao menos se nos falaremos mais alguma vez. Mas as portas estão abertas, você sabe e sempre soube. As portas estão sempre abertas pra você. Te cuida bem, tá? Quem sabe um dia a gente senta numa mesa de bar, sem medos e sem corações, e bebe um amor impossível.
Deixei de tentar entender, estou apenas entregando meu amor por você, um barquinho, ao mundo. Que a vida cuide das nossas estradas, do nosso futuro. Que você consiga se encontrar na tua estrada e eu na minha. Que nós dois sejamos apenas amor, sem ressentimentos. Sem drama. Sem mágoa.
Vai, barquinho, vai, segue tua correnteza. Eu sigo meu caminho de volta com todo um nó na garganta e a esperança de que o tempo cura todos os corações. E se um dia nossos caminhos se cruzarem de novo, a vida se encarregará de encaixar as peças. O que tiver que voltar, volta um dia, mas não nos preocupemos com isso agora. Vai, barquinho. Apenas vá. Eu vou também. Te cuida. Te amo imensamente.
Vai, 2011, e leva com você o meu amor impossível. Venha, 2012, e me traga novas pessoas, novos amores, novos amigos, novas histórias.
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