Professora amarra e amordaça aluno de 5 anos em Brasília
Uma professora do Distrito Federal é suspeita de ter amarrado e amordaçado uma criança de cinco anos com fita adesiva em uma escola de Brasília nesta quarta-feira (16). O menino estuda na primeira série de uma escola pública da cidade. A professora foi afastada do trabalho.
Fonte: G1
Eu tenho a ligeira sensação de que, ao invés de estarmos criando crianças pra se tornarem adultos mais preparados e humanos, estamos, na verdade, criando monstros em potencial.
Em primeiro lugar, eu não acho certo o que essa professora fez. Não defendo pais que espancam os filhos. Mas com todas essas leis que pretendem pseudoproteger crianças e adolescentes, hoje em dia se você gritar com um menor de 18 anos é capaz de ir preso. Enquanto isso, pirralhos de 13, 14 anos acham que são gente e ameaçam professores, riscam seus carros e vandalizam escolas.
Não sei vocês, mas tenho a impressão que essas leis não estão funcionando.
Todos que conheço da minha geração já tomaram surras homéricas dos pais quando crianças. A maioria delas bem merecidas. E ninguém virou marginal ou ficou eternamente traumatizado por causa disso. Pelo contrário, a maioria se lembra em meio a risadas, contando como eram encapetados e o trabalho que deram aos pais. Uns poucos reclamam do exagero de rigor nessas surras, mas nem por isso se transformaram em indivíduos perigosos à sociedade. Muito pelo contrário. São pessoas de bem, trabalhadoras, que ajudam ao próximo, muitos deles já com filhos. Um pouquinho antes, na geração anterior, os professores educavam seus pupilos na base da palmatória. Não faz muito tempo não; tenho uma vizinha, senhora já idosa, com seus 94 anos, que foi professora a vida inteira e educou muita gente nesse ritmo. E, no entanto, não há um único aluno que, ao vê-la no portão, não pare pra lhe dar um abraço.
Masoquistas?
A questão é a seguinte; castigos corporais sempre fizeram parte da vida do ser humano - os espartanos que o digam. Antes de me crucificarem, pensem; quantas vezes você apanhou quando era criança? Ou por ter dado uma resposta atravessada, ou por ter desobedecido... Mas você aprendeu a ter limites. Aprendeu que existem regras. Aprendeu que o mundo não gira ao redor do seu umbigo, noção natural dessas miniaturas de gente. Foi agradável? Óbvio que não. Doeu. Magoou. Provavelmente você ficou triste e chateado com seu pai ou sua mãe durante algum tempo. Mas passou - embora a lição tenha ficado.
Aí me vem essas leis neuróticas tratando criança como se fosse de cristal. Você não pode tocar nela sob pena de transformá-la em adultos traumatizados, rancorosos e perigosos. Ah, faça-me o favor! Joga fora 90% da humanidade então, porque não presta. E até que ponto isso tem funcionado? Até que ponto nossas crianças de hoje são mais bem educadas, respeitadoras e felizes? Criam esses pirralhos como se fossem os reis do mundo e depois, quando se deparam com o mundo de verdade, não sabem como lidar com frustrações. Porque, ao invés de criar leis pra enfiar as crianças numa redoma de proteção fictícia, não estabelecem um controle de natalidade? Sim, porque as pessoas que têm menos condições e estão menos preparadas são justamente as que têm mais filhos. E consequentemente as que jogam a educação pra cima dos professores e superlotam as escolas com seus rebentos catarrentos.
A mãe desse garoto de Brasília diz, na reportagem, que "ela [a professora] não tem nenhum preparo para cuidar de criança." A reportagem informa também que a professora se aposenta no fim do ano. Agora pensemos. Alguém que trabalhou a vida inteira educando não tem preparo? Ou será que essa criatura que despejou esse ser no mundo é que não tem preparo pra ser mãe, e não soube educar sua "crionça"? Ah, sim, muito fácil (e delicioso) fazer filho, muito fácil (e nem tão delicioso assim, imagino) botar filho no mundo, mas educar que é bom larga na mão dos outros, né? A professora que se vire pra dar limites a uma turma com 20, 30, às vezes mais pestes. Não há ser humano que aguente. E, quando uma perde a cabeça, é condenada pelo país e pela mídia.
Mais uma vez: Não estou defendendo a atitude da professora. Estou questionando a postura dos pais e a intervenção do Estado com esse monte de lei surreal com relação às crianças. E agora essa lei estúpida das cadeirinhas nos carros? Novamente: Quem tem filho pequeno E carro, na minha opinião, deve, sim, ter esse tipo de segurança para seus filhos. Óbvio. Mas vamos supor que você tem filho mas não tem carro, e aceita uma carona. Se for pego na fiscalização, o dono do carro se ferra e, de quebra, você perde a carona. Inteligente, não? Vai de ônibus. É suuuuuuuuuuuper mais seguro. Além do mais, a cadeirinha é diferente pra cada fase, viu? Preparem os bolsos. Como diria a grande educadora das crianças da minha geração, Xuxa Meneghel, "aham, Cláudia, senta lá".
Na minha época criança ia no banco traseiro, ajoelhada, dando língua pros motoristas que vinham atrás. E todos eram felizes com isso.
Ok, os tempos mudaram, há mais carros, mais acidentes, yadda, yadda, yadda. Não sou alienada e sei disso. O problema para o qual quero chamar atenção é quando o estado resolve intervir com força coercitiva numa situação onde deveria agir de forma educativa. Sim, porque a questão aqui é bom senso. Assim como no caso nos castigos corporais.
O negócio é o seguinte: É melhor me prender logo, porque os meus filhos (quando e se os tiver) pretendo que sejam educados com muita conversa, mas se necessário vão apanhar sim, vão levar chinelada se me responder torto, vão tomar uns tapas se forem malcriados comigo (ou com quem quer que seja), mas também vão receber um mundo de carinho, afago e incentivo. Porque é assim que o mundo é; você leva porrada, mas também encontra carinho e conforto com as pessoas que ama. E tenho certeza que não vão se transformar em monstros ou criaturas traumatizadas por causa das surras - eu e, sei lá, 90% da minha geração não nos transformamos - e, além do mais, provavelmente os professores vão me agradecer por cumprir meu papel de mãe e por não precisar amordaçar meu pestinha. Eu levei minhas surras quando criança e, o máximo que aconteceu, foi minha mãe ser chamada na diretoria porque eu bati num coleguinha que tava me apurrinhando na segunda série. Coisa de criança, que se estapeia e pouco depois já tá brincando junto de novo. Mas sempre respeitei os mais velhos.
*É possível e muito provável que várias opiniões que dei aqui mudem quando (e se) eu tiver meus rebentos. Talvez mudem amanhã, ou daqui a meia hora. Mas é isso que eu acho neste momento.
19 de junho de 2010 às 12:14
Sabe, concordo plenamente com você. Nunca levei surra, mas algumas palmadas sim. E aprendi muito com elas,sim. E respeito os mais velhos como muitos que não apanharam nenhum pouquinho deviam respeitar.
19 de junho de 2010 às 20:39
Quando me refiro à surra, nem falo daquelas de deixar a pessoa moída... Mas a essas palmadas mesmo, que, dependendo do tamanho, pra gente tem a relevância de uma surra enorme...
Falta mais respeito na nossa sociedade. Em todos os âmbitos.
19 de junho de 2010 às 22:14
OI FABIANA,
E BOTA MUDADO NISSO!
O ERRADO É ESTÁ CERTO!!!
NÃO CONHECIA O SEU BLOG.
ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.
TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:
“HUMOR EM TEXTO”.
A CRÔNICA DESTA SEMANA NOS ALERTA SOBRE OS RELACIONAMENTOS HUMANOS DISSIMULADOS E ENGANOSOS.
SE PUDER, CONFIRA E SE QUISER COMENTE, POIS LÁ O MAIS IMPORTANTE É O SEU COMENTÁRIO.
UM ABRAÇÃO CARIOCA!
20 de junho de 2010 às 21:48
Olá, Paulo!
Seja bem vindo sempre que quiser retornar, e certamente passarei pelo seu blog. Até mais!
Abraços