Coisas da internet...

Embarcando na onda dos "memes" (não sabe o que é "meme"? Eu também não sabia há um minuto, mas não há nada que, rezando pra São Google, a Santa Wikipédia não responda [ainda não entendeu? Então leia a ótima definição deste site aqui]), vi um no blog da Alinde e resolvi fazer - mas eu sei que não teria saco pra fazer um post por dia religiosamente durante um mês inteiro, como esse meme propõe, primeiro porque não tenho paciência, segundo porque não tenho tempo e, terceiro, porque disciplina é algo que passa bem longe da minha existência. Se não consigo ter disciplina pra coisas importantes, muito menos pra inutilidades como essas. Mas eu queria fazer assim mesmo (sim, a gente somos inúteis), então resolvi que vou fazer tudo numa tacada só, com um post só. Rá.

[Post gigantesco detected]

1 - Sua música favorita.

Cara, complicado. Obviamente eu tenho várias, e elas mudam de acordo com a fase da vida em que estou. No momento posso dizer que tenho ouvido cerca de 7485 vezes a Mon Essentiel, do musical Le Roi Soleil - quem me segue no Twitter ou no Facebook já deve ter enchido o saco de tanto que falo desse musical. Mas eu tô apaixonada pelo Luis XIV e pelo Emmanuel Moire. Quando o Emmanuel Moire interpreta Luis XIV... Tem como evitar?! XD



Eu sei, a imagem tá ruim pra kct, mas o clip é tãããão lindo... (e o Emmanuel Moire é uma coisa... Quero um desse!)

2 - Seu filme preferido

Outra coisa complexa. Um filme que eu sempre revejo porque acho de uma delicadeza e uma poesia ímpares é o Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Sem contar o magnífico uso das cores e a fotografia linda.
Mas eu também não posso deixar de fora os símbolos do universo nerd, que eu também adoro: Star Wars e O Senhor dos Anéis. A criatividade e complexidade do universo de George Lucas e o uso dos efeitos especiais tão bem aplicados são fascinantes, e, quanto a SdA, o Peter Jackson fez simplesmente a melhor adaptação de uma obra de fantasia pras telas de cinema. Os puristas que me desculpem, mas PJ é gênio. Quem discorda que vá assistir a coisas como Percy Jackson e os Olimpianos, The Last Airbender ou, o pior de todos, Eragon. Depois me digam se The Lord of the Rings não é um primor de adaptação.
E, se falarmos em séries, tem ainda Lois & Clark - The New Adventures of Superman, que eu não canso nunca de assistir milhões de vezes (e usar expressões no dia a dia, e falar junto com os atores em algumas cenas - em inglês, mesmo mal falando português)... A ênfase da série no dia a dia dos dois repórteres principais do Planeta Diário, a construção do Clark como um cara inteligente, esperto, à altura da impetuosa Lois - ao contrário do bocó dos filmes, baseado no Clark pré Crise das Infinitas Terras - deu um tom de comédia, aventura e romance perfeito à série.

Né por nada não, mas a Teri Hatcher foi a melhor Lois Lane de todos os tempos!

3 - Seu programa de televisão favorito

Putz... Eu mal vejo TV. Atualmente, quando consigo, assisto aos Pinguins de Madagascar (Yeah, TV Globinho), ou ao CQC.

4 - Seu livro favorito

Não sei o que é mais difícil pra escolher um só, se é música, filme ou livro. Eu tenho uma lista gigantesca de livros que eu não canso de reler, mas preciso admitir que Machado de Assis mora no meu coração, e figura na lista dos grandes nomes que eu gostaria de ter conhecido. De todas as suas obras-primas, Dom Casmurro é a que mais me fascina. A maestria e acidez com que narra um amor desde seus primórdios de amor platônico até o fim amargo, e a suspeita que paira no ar sobre a eterna figura de Capitu são magnéticas. Quem mais poderia cunhar expressões como "olhos de ressaca" e "cigana oblíqua e dissimulada", que servem tão perfeitamente pra definir impressões indefiníveis que certas pessoas nos causam?

5 - Uma citação de alguém

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!”
(Florbela Espanca)

Nada me define tão exatamente quanto esse trecho de Florbela.

6 - Uma experiência inesquecível

Passei alguns minutos pensando sobre isso. Uma das únicas coisas que me vieram à mente foi minha primeira viagem de avião, porque foi uma sensação bem gostosa me ver em meio às nuvens - literalmente, já que minha cabeça vive por lá. Também pensei num beijo que rolou depois de 7 - SETE - anos de espera. Mas isso a gente deixa pra lá.

7 - Uma foto que te faz feliz

Duas:

Alice, Mau, Rê, Eloá, Alê, Van, pessoinhas que fizeram meu aniversário de 2007 um dos melhores da minha vida.

Ministério de Louvor da Igreja Metodista em Edson Passos, num congresso em Petrópolis. Foto de... Putz, sei lá. 2001, 2002, por aí. Pessoas que fizeram parte da minha vida, que eu amo demais e de quem sinto muita falta. Falta das pessoas em si, de todas as coisas boas que vivemos juntos, de uma época que não volta mais...

8 - Uma foto que te deixa irritado / triste


Vozinha. De quem me despedi hoje. Sem mais a dizer.

9 - Uma foto que você tirou


Uma das minhas fotos - enquanto fotógrafa amadora - preferidas. Tirada em Fribs, na casa da Van e da Alice.

10 - Uma foto de você há mais de dez anos

Pirralha com 13 anos, achando que é gente com esses cambitos finos e quadril desencaixado.

11 - Uma foto sua recente

Eu e Joyce no casamento da minha afilhada Estefani, ontem.

12 - Um conto

FELICIDADE CLANDESTINA
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que
era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Clarice Lispector. In: "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

13 - Um livro de ficção

Gosto muitíssimo de livros de fantasia. Séries como O Senhor dos Anéis, O Ciclo da Herança (Eragon, Eldest, Brising e o quarto que o Christopher Paolini tá demorando uma eternidade pra parir), a série Percy Jackson e os Olimpianos, enfim... Adoro fantasia. Assim como também adoro policial - Agatha Christie é o máximo! Mas, entre tantos, acho que vou ficar com O Incêndio de Tróia, de Marion Zimmer Bradley. Gosto muito do olhar feminino que ela dá a grandes mitos/eventos históricos como a vida de Arthur vista pelos olhos das principais mulheres de sua corte em As Brumas de Avalon, ou, no caso do livro que escolhi, a queda da cidade de Tróia sob a ótica da princesa-profetiza Cassandra.

14 - Um livro não-ficcional

Que eu tenha lido inteiro, acho que fico com Minha Vida, de Isadora Duncan. A intensidade com que ela narra sua vida, suas escolhas muitas vezes chocantes para as mulheres da época, e como ela vivia a dança, mostra porque ela se tornou um marco na História da Dança. Por outro lado, andei lendo uns trechos de O Amor e Luis XIV: As Mulheres na Vida do Rei Sol, de Antonia Fraser, onde ela fala sobre as mulheres que foram importantes na vida do monarca que reinou absoluto na França por 72 anos. Não apenas suas astutas amantes, como Athénaïs de Montespan, mas também sua mãe, Ana da Áustria, entre outras. Além desse, eu também li alguns trechos - e vou comprar logo que puder - de Amantes e Rainhas: O Poder das Mulheres, de Benedetta Craveri, onde ela fala sobre as grandes mulheres que reinaram e influenciaram grandes monarcas franceses, de Diana de Poitiers a Maria Leszczynska (pelo que deu pra ver no Google Books, mas duvido que não fale sobre Maria Antonieta), passando por Catarina de Médicis, Rainha Margot e, a que eu mais quero ler, Maria Mancini - o primeiro e grande amor de Luis XIV (já falei da minha atual fixação nele? :D).

15 - Uma fotomontagem

Lembranças de faculdade...

16 - Uma música que faz você chorar (ou quase)



Tem um motivo. Que também não vem ao caso.

17 - Uma obra de arte (pintura, desenho, escultura, etc)

A estátua de Athena em frente ao parlamento da Áustria sempre me deixa extasiada...

18 - Um poema

Autopsicografia
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Clichê, eu sei. Mas não podia ser outro.

19 - Um talento seu

Putz. Não faço ideia. Escrever, talvez. Facilidade com a língua portuguesa, facilidade em "decorar" regras de Português e talz. Dizem também que sou uma boa ensaiadora (na dança - me apego a detalhes). Ah, sei lá. Quem me conhece que diga.

20 - Um hobby

Ler, ir ao cinema, joguinhos na net, sair com amigos... Coisas assim. Básicas, simples e clichês.

21 - Uma receita

Uma receita portuguesa com nome de "francesinha", que já foi feita por uma brasileira! :D

Francesinha:
4 ovos
8 folhas de alface
1 tomate
1 cebola
12 fatias de pão de forma
8 fatias de queijo

Molho:
1 cebola
1 dente de alho
25g de margarina
2 tomates maduros
1 colher de sopa de polpa de tomate
1 dl de vinho branco
4 dl de caldo de legumes
sal, pimenta e hortelã

PREPARAÇÃO:

Francesinhas:
Primeiro cozinhe os ovos e corte-os em rodelas.
Lave as folhas de alface, disponha-as sobre as fatias de pão. Por cima coloque o queijo e acrescente o tomate, a cebola e os ovos. Enriqueça o seu interior com agriões e espinafres cozidos, rodelas de pepino e cenoura ralada, ou o que mais quiser.
Repita a operação terminando com a fatia de pão. Ficará com 6 francesinhas que deve cobrir com queijo. Leve-as ao forno a uma temperatura de 200 graus. Deixe o queijo derreter.
No final verta o molho por cima das francesinhas. Utilize hortelã para decorar e sirva de imediato.

Molho:
Primeiro faça um refogado com manteiga utilizando cebola e alho picado. Junte o tomate, depois de lhe ter retirado a pele e as sementes, e acrescente a polpa de tomate. Tempere com sal e pimenta, e envolva tudo muito bem. Junte-lhe vinho e deixe cozinhar uns minutinhos, até acrescentar o caldo de legumes. Deixe ferver e verifique se os temperos estão a seu gosto.

22 - Um site

Pô, isso depende muito. Um site pra que? Tenho sites pra quase tudo. Utilitários, redes sociais, sites temáticos... Bom, então vou nos blogs. Dois dos que leio há mais tempo são o do Antonio Tabet, o hoje famoso Kibeloco, e o da Ana Mangeon. O primeiro, um humor escrachado que não perdoa nada, e o segundo de poesias e pensamentos de uma ótima escritora. Ambos valem muito a pena.

23 - Um vídeo do Youtube

Já coloquei dois aqui, mas voilà. São muitos, mas vou puxar a brasa pra minha sardinha e indicar um videodança ótimo.



24 - Seu lugar preferido

Meu quarto. O IFCS. À beira mar. Montanhas. Casa de amigos. Depende de como eu estiver me sentindo (mas tenho uma paixão inexplicável por Petrópolis).

25 - O que você espera, os sonhos e planos para os próximos 365 dias

Paz. Saúde na família. Um mestrado. Uma bolsa (de estudos, óbvio). Um cara que valha a pena investir. Grana, viagens, encontro entre amigos e talz. Coisas básicas. :)

C'est ça. Post enorme, que duvido que alguém tenha paciência pra ler, mas eu me distraí fazendo. Omiti 6 itens porque acho que não caberiam, mas o resto tá aí.