Temos uma nova presidente, a primeira mulher na História do Brasil a exercer o cargo máximo do poder executivo e blá, blá, blá, wiskas sachê. Votei na Dilma no segundo turno, sim, mas admito que não sei se posso confiar nela. O que sei é que não confio de forma alguma no Serra – ou melhor, na forma de fazer política do PSDB que ele representa. Como li por aí durante a campanha, a Dilma não era a candidata dos nossos sonhos, mas definitivamente o Serra era o candidato dos nossos mais terríveis pesadelos.
Eu já disse por aqui que sou evangélica. Protestante. Crente, ou qualquer outro adjetivo que preferirem. Batizei-me na Igreja Metodista por livre e espontânea vontade (antes disso meus pais me batizaram na Igreja Brasileira e na Igreja Católica, quando eu era pequena demais pra emitir muitas opiniões a respeito – aliás, não me perguntem a diferença entre elas. Era recém nascida no primeiro batismo, e tinha uns 6 anos no segundo; o padre da Católica me perguntou “por que você tá se batizando?” e eu respondi “porque meus pais mandaram”). Escolhi a Metodista, já adulta, por me parecer uma igreja coerente, não muito propensa a modismos, além de ser equilibrada em seus princípios. É claro que isso não é 100% verdade em todas as igrejas dessa denominação; e é claro também que eu discordo (como, logo eu, poderia não discordar de algo?!) de um monte de coisas (minha pretensa-futura-orientadora me chama de “crente de merda”, mas tudo bem). Mas, religião, pra mim, é algo que faz bem. Ritos, essas coisas; genuinamente me sinto mais próxima de Deus. Eu gosto.
P.s.: Antes que alguém apareça repetindo a velha máxima do “a religião é o ópio do povo”, lembro da Rússia Stalinista; lá, não havia a desculpa da religião pra justificar todas as atitudes hediondas que foram cometidas. Ou seja, ainda que não existisse o conceito de “religião” no mundo e todos fossem ateus, ainda assim o ser humano não teria respeito para com o próximo. Isso me parece muito lógico, já que a enorme maioria das religiões prega a paz, o amor e o respeito, e os homens conseguem perverter tudo e transformar esses princípios em preconceito.
A cada ano eleitoral que passa, mais me torno monarquista. Sim, porque, convenhamos, um povo que elege e reelege nomes como Garotinho, Maluf e Roseana Sarney merece ser conduzido debaixo de porrada, pra ver se aprende alguma coisa.
“Diretas Já” pra que, meu povo?!
Enquanto as discussões seguem acaloradas entre os defensores da elite, partidários do Serra, e os populistas, partidários da Dilma, o pessoal parece esquecer que a máquina pública não se move apenas com um presidente. Tem muita coisa por trás, e a culpa das lambanças políticas não é só de quem senta na cadeira do cargo máximo do executivo não. Se fosse assim, seria ditadura, não democracia. Tem um bando de urubu atrás de seu pedacinho de carniça. Que, no caso, se resume àqueles caraminguás minguados que você recebe todo mês na sua conta. Enquanto você se satisfaz com um salário de merda, seu deputado federal mais eleito, um tal de “Tiririca”, vai receber num ano provavelmente mais do que você vai receber durante toda sua vida. Isso sem trabalhar metade do que você trabalha. Culpa sua.
Brasileiro tem mania de levar a vida na flauta. Tudo é lindo, tudo é colorido, tudo é praia, sol, futebol e carnaval. A violência? Culpa dos políticos, que não pagam os policiais direito. Fome? Ah, agora tem bolsa-miséria, só quem reclama de fome é vagabundo. Educação? Pra que esse povo quer educação, não é mesmo? Vamos rir, fazer piada. Sei lá, eu tenho a impressão de que eleger o Tiririca deputado federal foi alguma espécie de protesto cômico. Ou tentou ser, porque eu não achei graça nenhuma. Quem vai pagar o salário daquele infeliz semi-analfabeto sou eu. Sem ter nada a ver com isso, diga-se.
Poderia-se alegar que, em termos democráticos, o brasileiro ainda é uma criança. A República foi proclamada em 1889, e ficou na mão de militares durante muitos anos. As poucas experiências democráticas que tivemos, antes de 1989, tiveram participação popular inexpressiva – o detalhe é que o presidente eleito em 1989, Collor, sofreu impeachment três anos depois, um prenúncio de que o povo definitivamente não sabia escolher seus governantes. Vinte e um anos depois da primeira eleição à presidência pós-Diretas Já, quatro presidentes (Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula), um impeachment e duas reeleições depois, o povo continua fazendo merda. Esse foi só um levantamento superficial do que é mais palpável, mais midiático, que são as eleições pra presidente. Mas nesse meio tempo o Collor (aquele, do impeachment) já foi eleito senador, os Sarney continuam sendo os donos do Maranhão, Maluf encara milhões de processos com a cara mais cínica do mundo e se reelegendo vitaliciamente e Garotinho ri na cara da justiça. Culpa da nossa legislação insuficientemente rígida? Não, culpa da falta de vergonha na cara do povo, que continua elegendo essa corja e fazendo palhaçada nas urnas, pagando salários estratosféricos a gente como o finado Clodovil e agora o Tiririca.
Palhaço não é o Tiririca. Palhaço é quem vota nele.
P.s.: Só pra constar, as atualizações estão raras porque estou às voltas com dois concursos de mestrado e um concurso público – sim, eu também quero ser sustentada pelos impostos do contribuinte. Se o Tiririca pode, por que eu não? O pior é que eu tenho que me esforçar muito mais do que ele pra isso –, além de estar sem internet em casa.