O provincianismo blogueiro ainda sobrevive

Eu não posso me considerar uma dinossauro em matéria de computador e internet; comecei a dar meus primeiros passos em 2000, e conheço gente que já tá no batente há muito mais tempo (ok, nem tanto assim, porque a internet ainda era meio que novidade naquele tempo). Mas assim que me pluguei à WWW, comecei a adentrar tudo que havia de interessante no meio - ou pelo menos tudo que parecia interessante a mim. Descobri o que eram e para que serviam os fóruns, as listas de discussão, e, supra-sumo da novidade, os blogs.

Sim, meus caros, lá pros idos da virada do milênio, a grande sensação eram os blogs.

Numa época em que Antonio Tabet ainda era um ilustre desconhecido com seu Kibeloco, Clarah Averbuck era uma gaúcha batendo a cabeça sem dinheiro em SP e contando suas desventuras no brazileira!preta - e apenas sonhando em escrever livros, enfim, numa época em que o Blogger se resumia a praticamente uma caixa de texto, onde você tinha que inserir tudo manualmente, de imagens e comentários a layout, tudo à base de html, o mundo dos blogueiros parecia uma cidade pequena. Não havia redes sociais (o Orkut só surgiu quatro anos depois), e a divulgação era muito feita através de boca a boca, através de comentários que muitas vezes viravam verdadeiros chats. Você tinha que ver pra ser visto, visitar pra ser visitado. E na maioria das vezes isso não era feito com essa intenção; você simplesmente gostava do comentário de alguém, ia visitar o blog do cara, e o favoritava.

Eu sou dessa época. De uma época em que o marketing pessoal era feito através da disseminação de ideias e baseado na curiosidade alheia.

Hoje em dia as coisas estão um pouco (muito) diferentes. O mundo dos blogs se transformou numa pauliceia desvairada, uma espécie de Las Vegas da World Web, com anúncios em neon e recados em blogs famosos e/ou com uma grande quantidade de visitantes e comentários pedindo, quase implorando "visita meu blog?", "deixa um comentário!". Os anúncios nas redes sociais viraram quase spam. No Twitter você vê perfis dedicados a este ou aquele blog, twittando e retwittando milhares de vezes o anúncio de um novo post. MSN, Orkut, Facebook - tudo é usado como lugar de propaganda na busca do sucesso e de seus quinze minutos de fama (retratados, pelo que percebi, na quantidade de comentários por post).

Não critico quem faz esse tipo de marketing massivo (embora alguns realmente já estejam começando a se assemelhar DEMAIS com spam e, com isso, me deixando irritada). Parece uma saída inteligente diante da enorme quantidade de informação a que estamos submetidos hoje em dia com redes sociais e ferramentas como o Google Reader. Eu só não consigo usar. Relutei algum tempo antes de colocar novamente, depois de muitos anos, o endereço do meu blog em meus perfis públicos. Relutei mais ainda a usar uma ferramenta do Facebook que anuncia na timeline dos meus amigos quando há um post novo. E ainda não me convenci a fazer o anúncio de novos posts via Twitter e Orkut. Pra mim, isso ainda se parece muito com propaganda não solicitada - leia-se spam.

O mundo da internet e dos blogs está gigantesco demais. As cidades pequenas de outrora, com suas panelinhas e seus nomes importantes, de repente ganharam ares de grande metrópole, com imigrantes de todos os lados, de todas as idades, todos achando que têm muita coisa a dizer e querendo - mais do que isso, aparentemente PRECISANDO - ser ouvidos (ou lidos, no caso). Não os culpo, não os critico; eles estão de acordo com o mundo virtual de hoje. Eu que não me adapto. Na verdade, embora eu procure sempre estar a par das novidades desse mundo que não para, acho que ainda sou muito provinciana pra certas coisas.

4 Response to "O provincianismo blogueiro ainda sobrevive"

  1. Paulo Tamburro says:
    5 de julho de 2010 às 21:01

    OI FABIANA

    NÃO CONHECIA O SEU BLOG.

    ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.

    TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:

    “HUMOR EM TEXTO”.

    A CRÔNICA DESTA SEMANA É SOBRE UM TEMA QUE DESPERTA CONTROVÉRSIAS E MUITA SENSUALIDADE..

    SE PUDER, CONFIRA E SE QUISER COMENTE, POIS LÁ O MAIS IMPORTANTE É O SEU COMENTÁRIO.

    UM ABRAÇÃO CARIOCA!

  2. Fabiana Amaral says:
    6 de julho de 2010 às 00:48

    Eis um bom exemplo. Já é o segundo comentário que o camarada deixa no blog e diz que "não conhecia seu blog". Inclusive comentário idêntico, ipsi literis.

    Haja.

  3. Ceinwyn says:
    7 de julho de 2010 às 00:17

    Eu sou spammer, então. Quando atualizo, boto no twitter, no orkut, no facebook. Por uma razão simples... quero ser lida, e nem todo mundo usa os 3 serviços, ou o G. Reader.Daí o spam: quero que todo mundo saiba que eu atualizei... =p
    Mas pessoas aleatórias eu faço do jeito old school mesmo: vou no blog, faço um comentário pertinente ao post, se a pessoa quiser ela vai pro meu blog. E de vez em quando comentam, mas comentários pertinentes ^.^
    Quem comenta "vai ver meu blog" não merece ter o blog visitado, simples assim.

  4. Fabiana Amaral says:
    7 de julho de 2010 às 00:25

    Como eu disse, eu não critico. Só não me adapto. E nem acho que você seja um dos casos mais graves, tem gente no Twitter que eu já começo a considerar seriamente dar unfollow. Todo santo dia são duas, três mensagens anunciando a postagem nova...

    Eu sou meio resistente a certas inovações... É puro provincianismo mesmo. ;)

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