Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay...


Eu já acreditei em muita coisa ao longo da vida. Na verdade minha busca espiritual foi longa e, como uma pessoa curiosa e contestadora que sou, às vezes me parecia que seria infinita. Talvez seja mesmo, afinal, mas isso não vem ao caso. Graças a essa curiosidade, já pesquisei muitas coisas; ainda pré-adolescente comecei a ler um livro das minhas tias sobre "mestres ascencionados", algo a ver com chamas coloridas que nunca entendi direito. Houve uma época que quis ser bruxa e até escrevi para o Paulo Coelho - obviamente ele não tinha muito tempo para atender garotas de 14 anos.

Pesquisei também coisas mais "institucionalizadas", digamos assim. Conheço algo de Umbanda e Candomblé, mas a pluralidade me incomodava. Sempre cri num ser Único e Supremo, e por isso as entidades dos cultos afro-brasileiros me confundiam, pra dizer o mínimo. Por isso também meu interesse pela Wicca foi bem curto - ainda mais curto, eu diria, já que paganismo estava bem longe do que eu conseguia aceitar. Li as principais obras do Espiritismo, mas tudo me pareceu "científico" demais, quase acadêmico, e não era isso que eu queria. Até ir parar no que pode ser a maior contradição da minha vida, dados meu espírito e minha personalidade: o protestantismo. Lá eu sosseguei por muito tempo, e acho que, apesar de passível de contestação por alguns, por enquanto ainda continuo sossegada – embora os questionamentos e a insatisfação com as posturas adotadas pelos meus “irmãos” venham aumentando com o passar do tempo.

Mas uma coisa que sempre me acompanhou na minha fase pré-protestante foi o esoterismo. Sempre adorei incensos, signos, cristais, velas, todas essas coisas, e adoraria criar um gnomo no meu quintal (mas eles nunca me deram ideia). Obviamente, depois que adotei o protestantismo como linha religiosa, gnomos passaram a ser seres interessantes para aventuras de RPG, cristais ficam lindos enfeitando a estante (onde estão os meus), e velas são para serem usadas quando falta luz (ou num jantar romântico, ou ainda no “pós-jantar”, depende da imaginação de cada um – e eu tenho bastante). Mas algo sempre me chamou a atenção, e chama até hoje: signos.

Não falo de previsões ou coisas do tipo. Falo da relação entre o signo e a personalidade dos nativos. A parada voltou a me deixar cismada de uns 5 anos para cá, quando, durante um debate no corredor da faculdade, uma amiga de pouco tempo exclamou, exasperada: “para de ser tão escorpiana!!” Tipo, oi? Como assim? Aí eu voltei a pensar no assunto. E tenho pensado nisso sempre que vejo certas atitudes das pessoas. Por exemplo, eu já “previ” atitudes, reações e até respostas de pessoas que eu sequer conhecia, baseada na convivência que tive com outras de mesmo signo. Mas eu gosto de me usar como rato de laboratório, e em geral minhas análises são efetuadas sobre mim mesma.

Para exemplificar, recentemente num momento pra lá de insólito uma pessoa me disse: “que foi? (...) Não dá pra esconder nada agora”. E realmente não dava, e, raios, eu não estava escondendo nada! De onde saiu isso? A mesma pessoa já me disse que sempre tem a impressão de que eu estou escondendo alguma coisa. Gente. É óbvio que eu não tenho vocação para “big-sister” ou algo que o valha – até porque eu odeio ser julgada, e quero que a opinião dos outros sobre mim vá pro quinto dos infernos, juntamente com seus respectivos donos –, mas eu me exponho até demais na rede. A única explicação que encontro, embora possa não ser tão plausível assim para muita gente, é o ar misterioso associado ao meu signo.

Esse é só o exemplo mais recente que me fez pensar sobre o assunto. Mas se considerarmos que das quatro características principais que todos os sites, de uma forma ou de outra, atribuem aos escorpianos (escorpinianos, escorpianinos, whatever) – mistério, uma ligação extrema com o sexo, vingança e ciúmes – eu tenho com absoluta certeza pelo menos duas (e uma terceira dependendo das circunstâncias), acho que posso dizer que pode haver algo de verdadeiro nessa história. Se é coincidência ou não, eu não sei. Mas é fato que lendo certas coisas parece que estou lendo uma descrição de mim mesma. Como o texto abaixo, que eu copiei do portal do Terra há algum tempo (as descrições mudaram, pelo que pude ver há umas semanas). De um modo geral eu me acho bem parecida com isso (a parte de se atormentar, então! Quem escreveu esse trecho poderia ter se inspirado em mim); só não sei se quem me conhece concorda. :)

Não se deixe levar pelo preconceito. Se você cruzar com um tipo honesto, corajoso, íntegro, intenso, magnético, profundo, reservado, perspicaz, enigmático e fiel até que a morte os separe, corra e agarre esta oportunidade, porque você terá topado com um escorpionino. Seu astrólogo diz que os escorpiões são traiçoeiros? Mude de astrólogo, porque o escorpião tem um senso de lealdade só comparável ao de um mafioso siciliano - se você mantiver sua palavra, ele manterá a dele até debaixo de uma saraivada de balas. Sua melhor amiga diz que os escorpiões são don-juans incuráveis? Troque de amiga, porque o escorpião, embora tremendamente ligado ao sexo, é tão seletivo que prefere uma vida monástica a transar com qualquer um. Você andou lendo que o escorpião é um dissimulado? Largue esse livro pelo último de Agatha Christie, pois a notória reserva escorpionina não tem nada a ver com hipocrisia.

Um escorpião nunca mente, só omite - e na maior parte das vezes está repleto de razões, porque sua fabulosa antena psíquica pescou que o interlocutor em questão não é lá muito confiável. Esta, talvez, seja a principal característica deste signo cujo mito mais esclarecedor é o de Lúcifer, o anjo decaído, não por noitadas em excesso, mas por uma lucidez além dos limites: o grande pecado do escorpião, como o do ex-anjo, é um orgulho excessivo. Excessivo, mas não descabido. O probleminha de Lúcifer era que enxergava certas razões ocultas por trás da cantoria dos querubins - um desejozinho secreto de promoção naquele arcanjo que emitia uma nota mais aguda. Por isso ele acabou expulso do Paraíso, onde críticas não são facilmente digeridas. A mesma complicada sina ocorre com os terrenos escorpioninos: como eles são providos de uma espécie de olhar de raio X, que detecta as piores intenções até nos melhores sorrisos, acabam se tornando ossos duros de roer.

Um escorpionino tem um faro incomparável para imposturas, o que lhe torna difícil a vida em sociedade. Isto o transforma, muitas vezes, num introspectivo de cenho franzido: sua capacidade de captar algo de podre no reino da Dinamarca não tem paralelo, em todo zodíaco e em qualquer estatística. Mas se o escorpião saca tudo, inclusive o pior de cada um, é porque tem uma sensibilidade que chega às raias do insuportável. O que o torna, também, muito solidário com o sofrimento alheio - nada de estranhar que Ghandi tenha ascendente em escorpião. Um escorpião nunca foge de problemas. Não fuja dele, portanto, a não ser que você queira passar o resto da vida bocejando entediado.

(...)

O escorpião tem uma incontrolável tendência a se atormentar, culpando-se por tudo que dá errado à sua volta, e num raio de milhares de quilômetros além, Bósnia, Croácia e Cambodja incluídos. Como ele jamais pega leve, nem quando está de férias, esta mania de carregar o mundo e seus males pode se tornar meio desconfortável para aqueles que o cercam, e pretendem apenas tomar mais uma bebidinha e prosear. Como, igualmente, um escorpião nunca se lamenta ou faz o papel de vítima - o que ocorre muito com os outros signos de água, peixes e câncer - é preciso se tornar um telepata para saber exatamente o que vai mal com seu escorpião de estimação.

Se for uma mera insatisfação com tudo, deixe estar - isto não tem cura. Se for uma depressão profunda, daquelas que o arrastam para a cama (e não para fazer o que ele tanto gosta), algumas providências são necessárias. Nada de terapias de apoio, porque um escorpião jamais vai acreditar que ele está OK e o mundo está OK. Uma terapia de choque é a mais recomendável: uma passagem só de ida para a Iugoslávia, para trabalhar num campo de refugiados, ou um passeio às seis da tarde por qualquer dos pontos das grandes capitais brasileiras onde se concentram os menores infratores vai ajudar a reconhecer que há outros infernos ainda piores que seu inferno interior. Um pouco menos arriscada é a técnica de auto-análise. Todo escorpião é um investigador nato, e isto explica porque eles dão excelentes psicanalistas.

Em contrapartida, dão péssimos pacientes, já que nunca vão superar completamente a sensação de que aquele camarada sentado na poltrona atrás do divã está calado porque, no fundo, sabe menos do que ele. O escorpião lucra mais se pagar uma faculdade de psicologia em vez de honorários de um psicólogo avulso. É claro que às vezes não se pode esperar cinco anos escolares para resolver uma crise. Mas crises, na verdade, não atrapalham este signo. Ao contrário, ele precisa delas para se reciclar periodicamente. E acaba sempre levantando, sacudindo a poeira e dando a volta por cima.

Textos de Marília Pacheco Fiorillo e Marylou Simonsen, publicados no livro Use e Abuse do seu Signo, editado pela LP&M

4 Response to "Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay..."

  1. Anônimo Says:
    27 de fevereiro de 2011 às 12:24

    Olá! Confesso que eu não confio muito nessas coisas... rs... Mas é aquele lance, nunca peguei um livro sério a respeito pra ler... (e duvido que eu pegue algum dia, rs).

    Como boa pesquisadora, bora prestar uma consultoria zodíaca? rs - vou te passando as informações e você me diz se estou no padrão do meu signo! kkkkk

    Cuide-se guria! :)

  2. Fabiana Amaral says:
    5 de abril de 2011 às 23:20

    Opa! Desculpa a demora pra responder! :)

    É, não posso dizer que CONFIO. Só posso responder pelas minhas experiências empíricas - a maioria funciona bastante.

    Não sei se conheço o suficiente pra prestar consultoria (e há alguns signos que eu conheço mais, outros menos - por exemplo, não conheço ninguém de gêmeos, então não tenho como responder; agora, tenho uma longa experiência com sagitarianos...), mas se eu souber alguma coisa, conto. :)

  3. Anônimo Says:
    7 de abril de 2011 às 13:36

    Longa experiência com sagitarianos? Voltando lá pro meu cantinho então! Isso pode ser perigoso, ou não!? (kkk)

    Boa sorte com o mestrado! Que você se livre logo dele! (daqui a 2 anos, quem sabe, você entenderá o lance do "se livrar" rs)

    Tchüss! ;)

  4. Magus Silva says:
    25 de julho de 2012 às 08:03
    Este comentário foi removido pelo autor.

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