Sobre vícios

Atire a primeira pedra quem nunca se viu viciado em alguma coisa (ou alguém).

Eu sou um ser essencialmente viciado. E de um tipo de vício que não há rehab que dê jeito.

Azar o seu!

A vantagem é que meus vícios mudam com o tempo. Quando criança, eu era viciada em livros (ehr, bem, o verbo no pretérito não é exatamente aplicável aqui). Pode parecer bonitinho num primeiro momento, o sonho de todos os pais "ó, que lindo, minha filha adora ler". Não era exatamente o que meus pais pensavam, levando-se em consideração que eu esquecia de comer e, se deixasse, não dormia com a cara enfiada no livro.

Mãe, cabei!

Na sétima e oitava série do primeiro grau (porque eu sou velha e na minha época era assim) minha professora de Português levava uma sacola cheia de livros, e fazia uma espécie de "biblioteca" particular, só da turma. Ela anotava o nome do aluno e os livros que estava levando, pra serem devolvidos na semana seguinte. Invariavelmente eu queria levar cinco, seis. De Machado de Assis à Coleção Vaga Lume, não importava; eu queria ler. Chegou num ponto que minha mãe me proibiu de levar os livros pra casa; eu chegava da escola e esquecia da vida com a cara enfiada no livro. Claro que a proibição não adiantava muito. Eu simplesmente enfiava o livro dentro da blusa, me metia no meio do mato no quintal e ficava lá a tarde toda.

Tive outros vícios depois. Video game (Mortal Kombat era o top do meu vício), vôlei, a lista seria enorme. Mais recentemente, de 2004 pra cá, a ressurreição do meu vício por Lois & Clark - The News Adventures of Superman, que reinou absoluto por volta de 94 (me fazendo, inclusive, pensar em seguir a carreira de jornalismo), mas que murchou com o fim da série. Eu não tinha internet na época, afinal de contas. Tudo mudou depois que eu encontrei no Orkut um grupo de loucas que também eram apaixonadas pela série. Aí ferrou.

- Disfarça! - Tô tentando!

Maaas, como meus vícios são rotativos, eis que surgem novos. Depois que fui apresentada à música Mon Essentiel (culpa da Eloá), meu vício da vez foi evoluindo do musical Le Roi Soleil pro próprio - ou seja, Luis XIV.

Tá na hora do babyliss...

Tendo fortes oscilações para o intérprete, Emmanuel Moire, que, vamos combinar, Deus estava num dia de humor radiante quando esculpiu essa criatura. Com todo o respeito aos gays, esse homem ser homossexual agride minha heterossexualidade, mas enfim. Deixa quieto, ele tá lá na França, não ia adiantar muito ele ser hetero mesmo. Não pra mim, pelo menos (não, eu ainda não acredito nisso).

Oi.

Mas então, eu estava falando de Luis, não do Emmanuel. A personalidade do Rei Sol é fascinante. Ando devorando artigos e textos sobre ele, e pretendo, logo que possível, comprar alguns livros a respeito. Ok, confesso que conviver com ele provavelmente era um martírio, o cara tinha um ego que não cabia na França, mas, mesmo assim, há algo de hipnótico nele que me faz, muitas vezes, deixar de me dedicar a coisas mais urgentes pra me deleitar em estudos sobre sua vida.

E, neste exato momento, misturando ficção e realidade, eis-me novamente assistindo, pela enésima vez, o musical sobre tal figura. Sou neurótica?

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